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domingo, 9 de outubro de 2011

Naufrágio


Durante muito tempo cheguei a pensar que minha opinião sobre a vida já estava formada, que eu sabia muito, e que eu tinha mais conhecimento que muita gente grande. E acabei por descobrir que a ignorância acabou me cegando. É difícil aceitar essa dura realidade. Me sinto como uma solitária no meio de uma praia imensa e fria, enquanto assisto um barco tomar o rumo errado e naufragar. Vejo ele de longe tomando o percurso errado, envergando para onde não deve envergar. Grito desesperadamente no meio da praia, ali solitária. ‘’Alguém por favor, ajuda’’. E nada. Ninguém. E no fundo lá vai o barco, cada vez mais distante, cada vez mais errante. De repente ele toma de vez o percurso errado e vejo um tsunami enorme vindo com toda a força. Grito com toda a minha garganta, a todo pulmão, aceno, choro, perco a voz. “Ninguém tá vendo que esse barco ta indo pro lado errado?”
Infelizmente a gente costuma aprender das maneiras mais difíceis. Mesmo tendo uma vida monótona, aprendo todo santo dia que o ser humano é difícil. Inclusive eu! E que é mais importante ser honesto sobre o que eu sinto do que ser coerente. Acho que todo mundo quer parecer sempre racional e centrado. A princípio foi duro admitir isso pra mim mesma, porque como disse no início, a gente pensa que sabe de tudo, que já passou por tudo, que já aprendeu tudo. Mas, na boa? Eu mudo de opinião todo dia. Hoje eu gosto de algo, amanhã não gosto. Às vezes eu estou freneticamente empolgada com alguma coisa, no instante seguinte eu estou raivosamente entediada. E me dou o direito à isso, tanto quanto me permito respirar. Com isso, tenho magoado muitas pessoas que amo por mudar de opinião e cabeça o tempo inteiro, com esse meu orgulho besta de não aceitar quando to errada, essa mania feia de nunca ficar pronta na hora certa, essa preguiça diária pra arrumar casa (minha mãe que o diga). Meu Deus... to a ponto de um naufrágio. Porque eu sou tão difícil assim? Porque eu não me toco quando to errada?
E lá vai ele. Indo de encontro certeiro para a turbulência, a onda vindo com cada vez mais força, arrancando pedaços do casco, o navio afundando, despedaçando, se perdendo. Sento na areia e choro, desesperadamente, choro por saber que não tem mais jeito, agora já era. Foi. Choro por saber que eu estava lá dentro, e que naufraguei.
E vai eu errando, e afundando mais uma vez...


4 comentários:

  1. mais você escreve demais viu loira? kkkkkk.
    to seguindo aqui :*

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  2. Belo desabafo...Me prendi lendo até a ultima letra..."Não naufrague" bjo lora
    Jonatas

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  3. No fundo todos nós temos um pouquinho de orgulho dentro de si. O problema é quando não sabemos dosá-lo e nem controlá-lo. Aliás o problema é que ninguém consegue se monitorar o tempo todo, prevendo erros e orgulho exacerbado. Somos humanos, e por isso, nos permitamos errar. E melhor, nos permitamos aprender com nossos erros.

    Adorei o blog!
    Beijo!

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  4. As palavras possuem tudo de nós, cada linha, cada letra, transparece nossos desabafos e desejos. Muito bom. Parabéns. :)

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